O "Sábado sem Sol" é a primeira obra de Romeu Correia. Trata-se de um livro de contos, com dez pequenas narrativas, que retratam parte da sua vivência no burgo de Almada.
Romeu explica muito bem a história deste livro no começo da segunda edição (Algumas Linhas Livres), que transcrevemos:
«Data dos fins de 1945 a minha crescente
necessidade de passar ao papel várias histórias e figuras que povoavam o meu
pequeno mundo. Testemunhar os problemas sociais, os conflitos de classe, os
dramas humanos, revelando e condenando o mundo injusto e contraditório que nos
rodeia e oprime, é a função primeira do contador de histórias. Foi o que fiz.
Com alguma ficção para não irritar os patrícios, distanciei-me dos primitivos
modelos utilizados, concluindo o meu livro no ano seguinte.»
E também escreve sobre a sua apreensão:
«Dois meses após a publicação, a PIDE
procedia à apreensão do “Sábado sem Sol” (estímulo oficial tão frequente por
esses tempos fascistas…), semeando o desgosto e a indignação na maioria dos
meus leitores, e digo na maioria porque, inexplicavelmente, tristemente, houve,
em Almada, quem, sentindo-se retratado nas páginas do livro, descesse à
ignominia de me denunciar na sede da famigerada polícia política.»
É importante destacar que a receita desta primeira obra do Romeu foi oferecida às Bibliotecas Populares da Incrível e Academia Almadense.
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