quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Uma Barca para Itaca


"Uma Barca para Itaca" de Manuel Alegre, é um livro de poesia que também pode, e deve, ser teatro.

Ulisses, Penélope e Telémaco, viajam, esperam, desesperam... em Itaca.

Uma obra  editada pela "Centelha", em 1974, na colecção Nosso Tempo, que faz parte da Biblioteca da Incrível.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

«Um Escritor Único»


Transcrevemos, com a devida vénia, do blogue "Largo da Memória":

«Acabei de ler o romance, "Andam Faunos pelos Bosques", do grande Aquilino Ribeiro, requisitado na Biblioteca da Incrível Almadense.
Foi uma sugestão de um amigo, durante uma conversa, em que por qualquer motivo, falámos da influência da religião católica junto das comunidades, especialmente no Interior Norte, durante a ditadura e o PREC. A meio da conversa perguntou-me se já tinha lido o livro. Como disse que não aconselhou-me a sua leitura, sem se esquecer de referir a riqueza vocabular única.
E sim, mais importante que a história do livro (o aproveitamento da mitologia por parte das jovens, bonitas e casadoiras, que "inventaram" um demónio que as atacava e violava, metade bicho, metade homem, conseguindo dar vida aos "faunos", para justificar os seus devaneios... que também é um bom retrato de época, especialmente da vida dos padres, ao ponto de percebermos que a maioria achava estranho que um deles, o padre Dâmaso, não tivesse mulher, não fumasse nem bebesse...), é a utilização primorosa da linguagem regional (ou popular).
Percebi também que Ricardo Araújo Pereira, foi buscar algumas palavras ao Aquilino, misturando-as nas frases de humor inteligente, que é uma das suas imagens de marca  (já o ouvi mais que uma vez a falar de "éguas rabonas" ou de "fúfias de cócoras" ou ainda de "marmanjos amolecidos"... ou referir-se a "safardanas", coisa que nunca faltou por aqui).
Foi bom voltar a ler Aquilino (talvez não o lesse há mais de vinte anos...).»

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, 17 de novembro de 2018

"Romeu Correia, um Académico verdadeiramente Incrível"


O número três do fanzine "Romeo", de homenagem a Romeu Correia, é praticamente todo ele dedicado à Incrível Almadense.

São transcritos três textos de Romeu Correia sobre: "O Centenário da Incrível" (publicado na "República"), "As Pazes  entre a Incrível e a Academia" (publicado no boletim "O Académico", "O Animatógrafo" (publicado no "Jornal de Almada"). Orlando Laranjeiro escreve "Romeu Correia Sócio Honorário da Incrível", Rita S. Rodrigues escreve "Romeu Nunca foi um Associativista". E Luís Milheiro transcreve partes do romance "Os Tanoeiros" com o texto "A Incrível Dentro do Livro "Os Tanoeiros".

Tudo motivos de orgulho para a Incrível Almadense.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Romeu Correia foi o Mote para mais uma Visita Colectiva à Biblioteca da Incrível


A Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal José Saramago, do Feijó, organizou em encontro em Almada com as Comunidades de Leitores de Montemor-o-Velho e de Sines, com o objectivo de visitarem vários lugares ligados à vida literária de Romeu Correia, guiados pela professora Edite Condeixa e pelo bibliotecário Davide Freitas. 

Além da visita, houve também espaço para a leitura de alguns trechos dos seus livros.

A Biblioteca da Incrível (e o nosso espaço museológico) foi um dos espaços da visita, que pensamos ter agradado às três dezenas de visitantes, alguns dos quais ouviram falar pela primeira vez da história gloriosa da nossa Incrível Almadense no sábado passado.

A recepção a todos estes amantes de livros foi feita pelos seguintes dirigentes incríveis: Alfredo Guaparrão dos Santos, Joaquim Brás, Leonor Borges, Luís MIlheiro e Vitor Soeiro.

(Fotografia Luís Eme)

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Romeu Correia Sócio da Incrível...


Publicamos a proposta de inscrição de Romeu Correia como sócio da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, datada de 20 de Junho de 1945, quando ele tinha 27 anos.

Na época morava muito perto da Incrível, na Avenida Heliodoro Salgado.

O sócio proponente foi Libânio Ferreira, o grande entusiasta do desenvolvimento das bibliotecas em Almada e do seu intercâmbio.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

"O Tritão"



Desta vez não faço nenhuma referência à Incrível (Romeu não tinha de falar da "Sociedade Velha" em todos os livros, mas sim a um passeio do escritor com a esposa e os netos, na página 160 de "O Tritão"...

«Há dias voltei ao Ginjal, na companhia da Almerinda e dos nossos netos, para uma romagem sentimental. Tanto o João Vasco como a Ana Margarida, ele com cinco anos e ela com dois, vinham movidos e deslumbrados pel aventura da pesca. Num prolongamento das histórias fabulosas – O Capuchinho Vermelho, A Gata Borralheira, A Branca de Neve… - os miúdos acreditavam pescar com a nossa frágil cana alguns animais marinhos, tais como golfinhos, polvos gigantes, tubarões e até baleias… A Almerinda, cheia de ternura e paciência pelos netos, vinha por vir, sabendo que nas águas poluídas do rio raramente se pescava um chamilro. Parámos junto da nossa antiga casa, escolhemos uma argola de ferro, minha companheira de tantas pescarias de outrora, e assentámos arraiais.»

É uma delicia...

sábado, 27 de maio de 2017

O "Trapo Azul"


Transcrevemos da "Apresentação da primeira edição do romance, "Trapo Azul", publicado em 1948, as palavras de Romeu Correia. Desta vez ele não fala da Incrível, mas de um grande Incrível, Alberto de Araújo, o patrono da nossa Biblioteca:

«Na pacata vila de Almada, que por esses tempos não ia além de trinta mil almas, passei ao papel uma longa história das pobres costureiras dos fatos de ganga para os operários, profissão-último recurso, sujeita à mais desenfreada exploração das mestras, que nalguns casos (por paradoxo que pareça!) eram mulheres ou filhas de… operários.
A falta de consciência de classe tem sido uma constante anti-revolucionária do povo português; a mentalidade pequeno-burguesa uma alienação, uma nódoa imperceptível, que alastra, traiçoeira, por todos os lados- A fome e o frio sofridos na carne não são vistos como uma flagrante e intolerável injustiça social a que devemos pôr fim. [...]

Outro amigo de quem desejei ouvir uma opinião sobre o texto foi o Dr. Alberto Emílio de Araújo, dois anos antes libertado do campo de concentração do Tarrafal. Professor liceal, de sólida cultura humanista, tinha uma perspectiva  marxista da sociedade como raros neste país. Militante do Partido Comunista Português, pertenceu ao seu comité Central durante anos. O regresso deste filho querido a Almada fora um acontecimento local do pós-guerra. Éramos vizinhos e amigos, por isso lhe pedi opinião sobre o meu manuscrito. Mas a sua frágil e conturbada saúde sofrendo crises sucessivas, tivera por essa altura uma das mais graves recaídas. E fora forçado a recolher-se ao Hospital dos Capuchos para extrair um rim. Com mágoa minha, o Alberto Araújo, só pôde ler o Trapo Azul., impresso, um ano depois.»

domingo, 30 de abril de 2017

"Cais do Ginjal" (e a Incrível...)


O "Cais do Ginjal" é uma das obras autobiográficas de Romeu Correia, romanceadas, mais interessantes do ponto de vista da história local, onde ele nos retrata a sua infância e adolescência, passadas no Ginjal, na casa dos avós paternos.

Fala de pessoas, de lugares, importantes, que acabam por fazer parte da história de Almada.

Trata-se de uma obra editada em 1989 pela Editorial Notícias.

Transcrevemos uma parte da obra em que este se refere à Incrível:

«Para toda a gente estar presente do Cais do Ginjal estar presente, até um homem, que cortara relações comigo há anos, me veio abraçar. Tratava-se do mestre tanoeiro Zé de Almada, que amava até às lágrimas a Filarmónica Incrível Almadense, e que se zangara comigo por eu teimar que, na História de Portugal, havia dois reis com o nome de Manuel. Para ele só havia um, que, por sinal, fora o segundo…»

domingo, 26 de março de 2017

"Os Tanoeiros! (e a Incrível...)


O Romance "Os Tanoeiros" é o livro da autoria de Romeu Correia que tem mais referências à Incrível Almadense, graças a uma família de tanoeiros, músicos e  associativistas da "Sociedade Velha", que foram escolhidas como personagens...

Transcrevemos da página 27 do romance:

 «O pai de Alfredo tinha uma vida repleta de afazeres, afora o tempo consumido pela profissão. herdara muito cedo essa norma de vida. Ganhara-a mesmo quando, catraio, vagabundeara pelas ruas da vila ainda sem o jugo das horas, que não fosse o vir a casa petiscar e dormir. E logo a Sociedade, a sua Incrível, o prendera de amores para todo o sempre. Um dia seria homem. com a arte de um ofício segura nas mãos, senhor de uma mulher e da filharada – mas, antes de mais, músico e carola da Incrível Almadense. E cumpriu-se o desejo. Mestre Gaspar ministrou-lhe solfejo, assentou-lhe os dedos no instrumento e fê-lo sair à estante. Tinha catorze anos, quase um fedelho de cueiros, e já fazia um vistão, fardado e de cornetim à boca. Estreara-se numa madrugada, dia primeiro de Outubro de 1908 – no 60.º aniversário da Música Velha